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UNIVERSIDADE
FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL - UFMS
ROSEMEIRE
MACIEL DE FREITAS PEREIRA
A
CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:brincar, contar, recontar, uma forma
de ensinar.
DOURADOS-MS
2014
ROSEMEIRE MACIEL DE FREITAS PEREIRA
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL: brincar, contar, recontar, uma forma de ensinar.
Trabalho apresentado
como exigência para conclusão do Curso de Especialização em Docência na
Educação Infantil/UFMS/MEC, sob a orientação da professora Prof. MSc. Graci
Marlene Pavan
DOURADOS-MS
2014
AUTORA: Rosemeire Maciel de
Freitas Pereira
RESUMO: Este
artigo teve como objetivo mostrar, no cotidiano da sala de aula, que o brincar
pode ser encarado como algo sério e de cunho pedagógico. Qual é a importância
da contação de história na Educação Infantil? E, a partir deste questionamento
iniciei minha pesquisa definindo como objetivo geral verificar o impacto de
aprendizagem interpretativa da atividade lúdica de contação de história em uma
sala de aula da Educação Infantil e, para atingir este objetivo foram
estabelecidos os seguintes objetivos específicos: desenvolver a contação de
história em sala de aula de crianças; observar o desenvolvimento da
socialização, criatividade, imaginação e memorização das crianças envolvidas na
pesquisa; desenvolver a história contada por meio da técnica do ‘avental’. O
estudo de caso se deu com crianças de três anos de idade, do jardim II, de
uma escola do município de rio Brilhante/ MS. A pesquisa teve
inicio a partir de fichamento das bibliografias pesquisadas para ter
conhecimento teórico permitindo assim a análise dos dados baseado em
referenciais teóricos. Os principais autores pesquisados foram Abramovich (993)
e Piaget (1976, 1987 e 1989). Após as análises concluiu-se que contar histórias
para crianças promove a criatividade, a socialização, imaginação e memorização
das crianças, independente de serem histórias conhecidas entre as crianças.
Palavras-chave: Contação
de história; lúdico; Educação Infantil.
INTRODUÇÃO
É
importante destacar, que segundo Abramovich (1993)as atividades mais utilizadas com os alunos
da Educação Infantil são: brincadeiras de rodas, contação de história, jogos de
leitura e matemáticos, teatro de fantoche e cantigas populares, esses acreditam
que o lúdico contribui para o fomento da criatividade, interesse, participação
e envolvimento dos alunos nas aulas, além de tornar o aprendizado mais dinâmico
tanto para os alunos como para os professores.
Diante
dessa realidade percebe-se a importância de uma educação que vise não somente a
mera decodificação e codificação de signos linguísticos, mas uma educação
centrada nas diferenças entre os educandos respeitando suas inteligências e seu
processo de aprendizagem. Como um suporte a prática pedagógica de educadores a
tempos se tem discutido sobre o lúdico e suas contribuições no processo
educativo, de forma alegre e dinâmica muitas são as práticas lúdicas: jogos,
brincadeiras, contação de histórias, cantigas de rodas, teatro de fantoche,
dentre outras.
Mas
como trabalhar tais atividades? Para quê? Essas são algumas perguntas que
surgem no pensamento de educadores. Várias são as formas de se trabalhar o
lúdico em sala de aula o professor precisa adequar-se a melhor forma, focando
naquelas que possibilitem a melhor aceitação dos alunos e contribuam para o desenvolvimento
das chamadas inteligências múltiplas(DELVAL, 2002).
Dentre
estas atividades lúdicas uma em especial me desperta a curiosidade em
pesquisar, que seria a contação de história. Desta forma levanto o seguinte
questionamento: Qual é a importância da contação de história na Educação
Infantil? E, a partir deste questionamento iniciei minha pesquisa definindo
como objetivo geral verificar o impacto de aprendizagem interpretativa da
atividade lúdica de contação de história em sala de aula da Educação Infantil
e, para atingir este objetivo foram estabelecidos os seguintes objetivos
específicos: desenvolver a contação de história em sala de aula de crianças com
idade de 03 a 04 anos de idade; observar o desenvolvimento da socialização,
criatividade, imaginação e memorização das crianças envolvidas na pesquisa;
desenvolver a história contada por meio da técnica do ‘avental’.
1. CONTEXTUALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
Destaca-se
que a contação de história tem ocupado um importante papel no contexto escolar
sendo desenvolvida como uma prática prazerosa de auxilio ao fomento da leitura
e escrita, esta vem tomando espaço no plano de aula de alguns professores que
veem nessa metodologia uma forma de melhorar suas aulas e assim proporcionar
aos educandos uma educação diversificada e contextualizada.
No
cotidiano da sala de aula o brincar pode ser encarado como algo sério e de
cunho pedagógico, para tal faz-se necessário o conhecer algumas das diversas
práticas lúdicas. O trabalho com atividades lúdicas proporciona ao professor um
ensino que valoriza o gosto dos alunos, que de modo geral gostam de brincar e,
quando se aprende nessas condições, aprende-se a controlar um universo
simbólico e particular vivido por cada um.
É sabido
que na Antiguidade, a contação de histórias era um meio de divulgação das
doutrinas religiosas budistas. Na Idade Média, os contadores de histórias eram
muito respeitados. Para cada época, as histórias e seus contadores tiveram o
seu valor peculiar, sendo repassados de geração a geração os feitos, decepções,
amores, sonhos, temores e esperanças da humanidade e ler e contar histórias é
alimentar o imaginário (ABRAMOVICH, 1993).
Vale
ressaltar que durante a contação de história provocamos na criança a reflexão
de momentos em que o mundo é descoberto com seus inúmeros conflitos e impasses,
bem como suas soluções. Ao se tratar do público infantil, é através das
histórias que há uma identificação com os personagens – cada qual
correspondendo ao momento que está sendo vivido pela criança ou adolescente –
de modo a lidar melhor com suas próprias dificuldades e buscar soluções para
cada uma delas(ABRAMOVICH, 1993).
Segundo
Freire (1991) é a partir da leitura de mundo que o ser humano aprende a ler os
demais textos. A literatura oral, além de expandir a leitura do mundo, torna-se
uma ferramenta eficaz para despertar a curiosidade por outras artes e exercitar
a imaginação dos ouvintes. Neste contexto, Vieira apudAbramovich (1993, p.8) destaca que:
Desde os primórdios da
humanidade, contar histórias é uma atividade privilegiada na transmissão de
conhecimentos e valores humanos. Essa atividade tão simples, mas tão
fundamental, pode se tornar uma rotina banal ou representar um momento de
excepcional importância na educação das crianças.
Neste
sentido, além disso, as metáforas, também muito presentes nas histórias,
permitem uma possibilidade de identificação das crianças e adolescentes com os
personagens, promovendo uma interação entre contador e ouvinte, como afirma
GutfreindapudAbramovich (1993, p.18).
[...] a metáfora guarda essa
dupla capacidade: por um lado, é capaz de apresentar nossos dramas e conflitos
principais. O símbolo é duríssimo e dá vida para nosso material mais arcaico ou
sem nome, ou ainda, para nossos medos primordiais. Por outro lado, a metáfora é
feita do simbólico e estético, portanto, indireto. E protege a criança em sua
viagem de projeção na intriga e nas personagens, garantindo certa tranquilidade
nos processos de identificação. Ela diz tudo sem nada ameaçar.
É
importante destacar que o ato de contar histórias traz em si uma série de
fatores que ultrapassam o domínio das técnicas, envolve muito mais o
entendimento por parte do contador/leitor das questões psicológicas e terapêuticas
presentes no universo dos ouvintes e as influências que as histórias exercem na
vida deles. Não bastam apenas as práticas educacionais e técnicas artísticas,
mas principalmente à cumplicidade no olhar, empatia e sensibilidade para
entender quando os ouvintes expressarem seus anseios, medos, esperanças e
desejos com um simples gesto ou jeito de olhar ao ouvirem a história.
Sabe-se
que a contação de histórias é uma ferramenta que incentiva a criança, desde
cedo, ao hábito da leitura, possibilitando novas experiências diante dos
obstáculos que aparecem em seu caminho.
Ler
histórias para crianças, sempre, sempre... É poder sorrir, rir, gargalhar com
as situações vividas pelos personagens, com a ideia do conto ou com jeito de
escrever do autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor,
de brincadeira, de divertimento... É através da história que se pode descobrir
outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética,
outra ótica... É aprender História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia,
sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de
aula... Porque se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a
ser Didática, que é outro departamento, não tão preocupado em abrir as portas
da compreensão do mundo (ABRAMOVICH, 1993, p.17).
Nota-se
que para Piaget (1976), o homem não é social da mesma maneira aos seis meses ou
aos vinte anos de idade. A socialização da inteligência só começa a partir da
aquisição da linguagem. Assim, no estágio sensório-motor a inteligência é
essencialmente individual, não há socialização. No estágio pré-operatório, as
trocas intelectuais equilibradas ainda são limitadas pelo pensamento
egocêntrico (centrado no eu), as crianças não conseguem seguir uma referência
única (falam uma coisa agora e o contrário daí a pouco), colocam-se no ponto de
vista do outro e não são autônomas no agir e no pensar.
É
entendido que no estágio operatório-concreto começam a se efetuar as trocas
intelectuais e a criança alcança, o que Piaget (1976) chama de personalidade,
em que o indivíduo se submete voluntariamente às normas de reciprocidade e
universalidade. A personalidade é o ponto mais refinado da socialização o eu
renuncia a si mesmo para inserir seu ponto de vista entre os outros em oposição
ao egocentrismo, e que a criança elege o próprio pensamento como absoluto. O
ser social de mais alto nível é aquele que consegue relacionar-se com seus
semelhantes realizando trocas em cooperação, o que só é possível quando atingido
o estágio das operações formais (adolescência).
Quanto
à linguagem, sabe-se que a linguagem é o sistema simbólico fundamental na
mediação entre sujeito e objeto do conhecimento e tem duas funções básicas:
interação social (comunicação entre indivíduos) e pensamento generalizante
(significado compartilhado pelos usuários). Nomear um objeto significa
colocá-lo numa categoria de objetos com atributos comuns. Palavras são signos
mediadores na relação do homem com o mundo (PIAGET, 1989).
2.
CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DA PESQUISA E DOS SUJEITOS
Entende-se
que é um grande desafio para o investigador é saber acompanhar, através da
observação, o percurso dos sujeitos. Não me refiro aqui à observação pura e
simples, por considerá-la insuficiente, pois de acordo com Delval (2002, p. 28)
o importante na pesquisa é “[...] descobrir o que não é evidente no que os
sujeitos fazem ou dizem, o que está por trás da aparência de sua conduta, seja
em ações ou palavras”.
Este
estudo se desenvolveu através da contação de história com criançasde três anos de idade,
de uma sala de Jardim II, com um total de vinte crianças. A técnica foi a dramatização na
forma de contação de história.
Iniciou-se
com o instrumento ‘avental’ que continha personagens e objetos que caracterizavam
a história conhecida – Chapeuzinho Vermelho.Num segundo momento contamos uma
história não conhecida das crianças.
Sempre
que houve necessidade de intervenções, procura-se adotar o método de
interrogação, ou seja, intervira partir das respostas ou tendências do
pensamento dos sujeitos investigados, lançando contra argumentações que
pudessem desafiá-los, procurando manter o diálogo ativo.
Neste
sentido, optou-se por aplicar a metodologia da contação de história, em duas situações:
uma em que contava a clássica história de Chapeuzinho Vermelho, sendo que se
utilizou da contação narrativa, interpretativa e de integração com as crianças,
assim, as crianças vivenciaram a história contada na forma de narrativa que estimulava
a participação das mesmas e, num segundo momento, ocorreram as caracterizações
das crianças como personagens da história contada anteriormente. Neste momento
as crianças vestiram fantasias.
Após esta
caracterização, se deu o momento da vivência das crianças na ‘pele’ das
personagens (lobo mau, chapeuzinho vermelho, vovozinha). Primeiro vivenciaram a
história com a turma e, em outro momento, para as demais turmas da escola,
utilizando-se um espaço externo à sala de aula (varanda).
A outra
opção foi a contação de uma história desconhecida das crianças. Optou-se por
realizar esta experiência em sala de aula. Neste momento, se propôs a contação
com interação das crianças, sendo que a narradora foi a professora regente da
turma e a história contada teve a temática ‘saúde’. Neste contexto, o personagem
‘Dentinho’ atuou apresentando orientações para saúde preventiva aos dentes das
crianças.
Faz-se
importante destacar que as duas opções de contação de história foram muito
divertidas para as crianças, pois todas participaram de forma ativa, ou como espectadores
das dramatizações apresentadas pelos colegas, ou com as crianças caracterizadas
como personagens, que foi o ponto alto para estimular a criatividade na atuação
e,fomentou a imaginação das crianças, vivendo uma história clássica e uma desconhecida.
Destaca-se
que todas as ações foram fotografadas e filmadas como forma de registro do
trabalho realizado. Fotos no apêndice 1.
3. DESCREVENDO E ANALISANDO OS DADOS COLETADOS
Após
a aplicação da atividade de contação de história seguem-se as análises dos
momentos registrados com uma máquina fotográfica, para tentar identificar o
quão foi importante esta vivência entre este grupo de crianças do Jardim II.
Foto 01
Fonte Ana Peres da Silva, 2014.
Conforme
se observa na foto 01, a autora deste artigo trabalha com a contação de
história do Chapeuzinho Vermelho, sendo que as crianças dramatizam
caracterizados como personagens, assim, de forma lúdica foram levadas para uma
vivência única de aprendizagem em que as crianças sentem as emoções dos
personagens, principalmente se considerarmos as fantasias como suporte para
leva-lasà se emocionarem e a encararem os personagens como um momento real de
vivência. Esta já é uma história conhecida, o que facilita o envolvimento da
criança neste contexto.
Durante
a contação as crianças eram estimuladas a darem continuidade à história após
terem ouvido o inicio da mesma. As crianças, neste momento, se oferecem para
ajudar a dar continuidade na contação. Todos observam os coleguinhas e de modo
geral ficam concentrados por alguns instantes, isto se deve, considerando o
momento de desenvolvimento em que estão vivendo, ou seja, na fase em que Piaget
(1976) considera como estágio pré-operatório, em que as trocas intelectuais
equilibradas ainda são limitadas pelo pensamento egocêntrico (centrado no eu),
as crianças não conseguem seguir uma referência única (falam uma coisa agora e
o contrário daí a pouco), colocam-se no ponto de vista do outro e não são
autônomas no agir e no pensar.
Foto 02
Fonte: Ana Peres da Silva, 2014.
Na
foto 02, identificamos a criança como narradora da história de Chapeuzinho
Vermelho, sendo que no ato de narrar, é estimulada, ao mesmo tempo, a deixar
que os coleguinhas participem deste momento.Há que se considerar que depois dos momentos de
contação, nos mantínhamos no tapete de histórias.
Na fase
inicial da contação da história, eu conduzia a conversa, mas, aos poucos, esse
espaço foi ficando natural a ponto de as crianças conversarem livremente, com
pouca ou nenhuma intervenção de minha parte. As atitudes de cooperação que
foram aparecendo no grupo são explicadas por Piaget (1989) da seguinte forma:
É, portanto, possível, [...]
sublinhar as vantagens do trabalho em grupo do ponto de vista da própria
formação do pensamento. Todos nossos colaboradores concordam em ver nessa
técnica uma fonte de iniciativa. Quase todos admitem igualmente – e isso confirma
o que vimos sobre a correlação entre a personalidade e as relações sociais de
cooperação – que o grupo desenvolve a independência intelectual de seus
membros. (PIAGET, 1989, p.150).
Dessa
forma, cabe ao professor observar as diversas formas de organização das
crianças entre si, o percurso do grupo na busca de informações e explicações
das falas e dúvidas surgidas e as resoluções encontradas para as diversas
situações a que estão sendo expostos na conversa.
Foto 03 Foto
04
Fonte:Ana Peres da Silva, 2014.
Observando
as fotos 03 e 04, se vê as personagens Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau,
atuando com o auxílio da narradora da história. O momento foi propiciado de
forma lúdica, com o avental para dar suporte e, dar continuidade aos momentos
vivenciados pelas crianças.
A
apresentação se deu para um público de crianças de outras turmas da
Instituição, isto de forma que pudéssemos proporcionar uma aprendizagem
compartilhada.Segundo, Abramovich
(1993):
Como um suporte a
prática pedagógica de educadores a tempos se tem discutido sobre o lúdico e
suas contribuições no processo educativo, de forma alegre e dinâmica muitas são
as práticas lúdicas: jogos, brincadeiras, contação de histórias, cantigas de
rodas, teatro de fantoche, dentre outras.
Assim,
é que se fundamenta às práticas realizadas em sala de aula, pois conforme os
registros fotográficos se permitiu chegar a estas conclusões. Se observa a
professora regente durante a contação de história consegue a participação das
crianças por meio de questionamentos, participações com repetições de falas das
personagens narradas pela professora e outros recursos que se deve utilizar
para motivar as crianças a participarem e a criar sua forma de contar a
história.
A
seguir apresentam-se algumas imagens da mesma turma de crianças, agora como
expectadores ouvindo uma história desconhecida da turma. A professora Regente
da sala inicia com todos sentados a tentos à história. Num segundo momento ela
estimula as crianças a participarem de forma mais ativa na contação e
interpretação desta história.
Foto 05
Fonte: Ana Peres da Silva, 2014.
Na
foto 05, se observa o momento da contação de uma história não conhecida pelas
crianças. É uma história que narra sobre a personagem “Dentinho” que atua no
campo da Saúde Bucal das crianças. A história também é contada de forma lúdica.
Neste sentido, há a participação da professora regente e da auxiliar da sala de
aula juntamente com a autora deste artigo, que atua como observadora neste
momento da pesquisa.
Como
garantia de uma boa narração são necessários elementos como originalidade,
surpresas, agilidade da contação e a expressividade.
Para contar uma
história – seja qual for – é bom saber como se faz. Afinal, nela se descobrem
palavras novas, se entra em contato com a música e com a sonoridade das frases,
dos nomes... Capta-se o ritmo, a cadência do conto, fluindo como uma canção...
Ou se brinca com a melodia dos versos, com o acerto das rimas, com o jogo das
palavras... Contar histórias é uma arte... e tão linda!!! É ela que equilibra o
que é ouvido com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declaração
ou teatro... Ela é o uso simples e harmônico da voz. (ABRAMOVICH, 1993, p.18)
As
crianças ficam atentas, tem expressões de alegria, surpresa e suspense no ar.
De alguma forma elas fazem suas reflexões se manifestando através de caretas e
mímicas imitando algumas informações que a professora repassa durante a
contação da história.
Foto 06
Fonte: Ana Peres da Silva, 2014.
Na
foto 06 podemos observar que se tem outra situação em sala de aula com
atividade lúdica na contação de uma história. Todos sentados e atentos.Destaca-se
que, após a contação desta história, as crianças não tiveram resistência quanto
à escovação de dentes após a refeição.
Durante
a contação volto a frisar que se observou a participação das crianças de forma
interativa, com olhares e risos, enfim, expressões de entendimento ao que
ouviam, viam e, também, de ‘surpresas’ com algumas informações desconhecidas.
Independente
de as histórias serem conhecidas das crianças foi possível observar o
desenvolvimento da criatividade, da socialização, da imaginação e memorização
das crianças, mas também foi possível concluir que quando a história é
conhecida, as crianças se envolvem mais rapidamente e isso facilita o fomento
das capacidades citadas acima.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É
importante relatar que durante o processo de estudo em referenciais
bibliográficos que tratam do assunto e do estudo na prática em sala de aula, o
que fica em evidencia é que o grande segredo para ser um bom contador de
histórias é ler muito, ler tudo e não ter pressa para contar a história. Quem
conta deve estar disposto a criar uma cumplicidade entre a história e o
ouvinte, oferecendo espaços para a criança se envolver e não pode nunca ser um
repetidor mecânico do texto que ele escolheu contar.
Abramovich
(1993), afirma que, contar histórias é uma arte, que não pode ser feita de
qualquer jeito, pegando qualquer livro, sem nenhum preparo. E quando isso
acontece a criança logo percebe que o narrador não está familiarizado com a
história e existe uma grande chance de no meio da história o narrador empacar
ao pronunciar alguma palavra, fazer as pausas nos momentos errados e perder o
rumo da história.
Ao
Investigar a contação de histórias na Educação Infantil, constatou-se que é um
instrumento poderoso e fundamental para o professor utilizar em sala de aula,
pois contribui de diversas maneiras na educação das crianças, despertando nelas
a imaginação, a criatividade, o interesse e o gosto pela leitura.
Realizando
este trabalho foi possível perceber que através da contação de histórias o
professor pode tornar a aprendizagem mais significativa e atraente para os
alunos da Educação Infantil. Além disso, considera-se que contar histórias para
as crianças, proporciona momentos de grande interação entre os alunos e o
professor, é uma forma diferente e significativa de ensinar. Como instrumento
indispensável, pode-se utilizar a contação de histórias nas diferentes
situações na educação infantil.
Espero
que essa pesquisa possa servir de referência para outras nesta mesma linha de
investigação.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura
infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1993.
DELVAL, J. O conhecimento nas diferentes áreas:as ciências da natureza e
as ciências sociais. In: Crescer e
Pensar: a construção do conhecimento na Escola. Porto Alegre: Artmed, 2002.
FREIRE, Paulo. A importância do
ato de ler: em três artigos que se completam. 26 ed. São Paulo: Cortez,
1991.
PIAGET, Jean. A equilibração das
estruturas cognitivas: problema central do desenvolvimento. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1976.
________. O nascimento da
inteligência na criança. Rio de Janeiro: LTC, 1987.
________. A linguagem e o
pensamento da criança. São Paulo: Martins Fontes, 1989. (Coleção Psicologia
e Pedagogia).
APÊNDICE
APÊNDICE
1 – fotos dos dias da contação de histórias
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